segunda-feira, 6 de maio de 2013

Paraguasul - A fortaleza de Humaitá

" De pé - quando o inimigo o solo invade.
Ergue-se o povo inteiro; e a espada em punho.
É como um raio vingador dos livres.
[...]
Cada palmo do chão vomita um homem.
E o norte, e o sul, como esses rios.
Que vão, sulcando a terra, encher os mares,
À falange comum os bravos correm!"
Machado de Assis 

A fortaleza de Humaitá:
Guerra do Paraguai. 

Cheio de cadáveres paraguaios;
 brasileiros, argentinos e uruguaios.
Tuiuti resistência de cinco horas.
Lá vidas foram embora.
Para viver em terra ensanguentada.
Luta desenfreada.
Bandeira rasgada.
Crema-se cadáveres.

Humaitá

Recobrida de resistência.
Em vão insistência.
De um tal de Solano Lopez.
Em resistir a fortaleza.
Oh, ditador o que você fez.
Não estudou com destreza.

"Por que da religião para o Estado."
Assim diz o cristão,
tudo canhão;
Criollo, Acá verá e El Cristiano.
Ouvi o grito dos "zuavos da Bahia"

Mas nada foi como a cólera.
Ela a ninguém não tolera.
Corpos esverdeados semimorto.
Espasmos musculares.
Quentes de soldados corpos;
a seu modo a cólera,
quer terminar a guerra.

Em Humaitá estás os soldados,
a cair estão fardados.
Dois anos de luta;
defesa irresoluta.

Lá o inimigo o rio não deve tomar.
Agora vamos ver
tudo o que tem a fazer.
Para esses homens viverem.
(ou melhor sobreviverem)

Mortos soldados de todas categorias, aí está;
corpos insepultos mostrando sinais de decomposição.
Cheiro de pólvora e solidão.
Tempo que ainda falava o El Cristiano.
 Com sua voz como um trovão.
Baixas de amigos e alta devastação.
Comida falta por estes anos.

I

Dr. Roberto Miramar.

Memórias de um médico na guerra.
Nessa que é do Paraguai; aonde não há trégua.

Correndo entre mortos e feridos o doutor.
Os canhões não cessam os tiros causando dor.
Ora alí, ora aqui, caem companheiros.
Não adianta fechar as feridas dos parceiros,
pois as balas as abrem mais rápido;
transformando homens em escombros.

Decide voltar para as trincheiras,
cansado sem expectativas retorna as fileiras.
Amaldiçoa a vida, propriedade, faculdade,
as quais não o preparou para essa dificuldade.
A coragem dos soldados também, por
tentarem matá-lo. Ele que sem arma para se repor.

A vida se renova. Novos companheiros,
mortos estão os velhos parceiros.
Surge um aliado,
parece ser raso soldado.

- "oi, sou Rodolfo e soldado,
você é doutor tem que curar o sargento."
- "sim, aonde esta? leve-me a ele."
- "siga, então vou leva-lo para ele;
tem que ajudar somos o resto do regimento."

Fui, por homens tristes e sem esperança.
Uns caídos outros em pé, mas todos sem esperança.
 Uns feridos outros inteiros.(não é certo dizer)
Porque de lá nenhum homem saí intacto.
Os pesadelos os seguem aonde irem.
A guerra nos homens é como a “caipora”.
Quem a encontra jamais segue em frente,
somente “voltam atrás”. Leva azar aonde irem.



A guerra é a "Caipora” para o soldado,
a uma sobrevida ele esta fardado.
Levaram-me a um quarto cavado no solo.
Um soldado tinha a cabeça do sargento no colo.
E sobre ele um cobertor imundo.
Falei: - “tirem o cobertor do moribundo.”
Tiraram e alí observei uma ferida na perna.
Rodolfo apontou o ferimento é falou:

- “ foi alvejado, na retirada,com um tiro na perna;
o soldado inimigo ele matou.”
Roberto fez um ar sério, pois o ferimento
era feio. Falou:
-“o caso vai ser fazer um amputamento.”
Foi dada ao paciente cachaça para
anestesias a dor, mas a coragem foi-lhe cara.

Logo, o doutor tentou fazer tudo certo.
Todavia, as condições eram muito incertas.
Rompeu-se a noite os gritos do sargento.
Ora, os que não são fortes e frios, não podem
ser médicos é necessário esse entendimento.



Principalmente, em horas dessa, que um homem
corta os tendões de seu parceiro.
Na vã esperança de salva seu companheiro.
É nobre paisano, mas é para homem.
Não é profissão para qualquer um.


O lugar era imundo,
tinha detritos e umidade;
um péssimo lugar para um moribundo.



Os ferimentos foram tratados,
e também o sangue estancado.
Porém, fez-se uma sangueira por tudo.
Colocaram-o na cama. E o doutor falou:
- “deixemos um soldado para cuidar e limpar tudo.
Preciso retirar-me é comer algo.”




A refeição foi pior que a cirurgia,
um pão velho e uma bebida.(rum)
Era feita só uma refeição ao dia,
então o estômago sempre urgia.
Num lugar estreito um corredor,
ali mastigava seu alimento.
Sem qualquer expectativa de vencimento.


Acima podia se ver as estrelas,
a reluzir sem se preocupar com a guerra;
elas reluziam sem dar importância as sentinelas.
Eis, que encontrou uma viola em um canto.
E com tristeza a melodia escorre ao cantor.


Ah, meu rio prata … flui-se.
Em suas águas plácidas … reluz-se.


Mesmo hoje suas águas reluzem.
De vermelho rubro tremeluzem.
Trazem estórias antigas,
velhas cantigas.
De um tempo jamais renovado.
Mesmo com as lágrimas da vida,
teimo em viver no mundo;
hoje só em vindas e idas.


Errantes és tu, errantes será eu.
Ah, meu rio prata … flui-se.
Em suas águas plácidas … reluz-se.
Nem que seja de vermelho vivo,
flui-se e reflui-se.
Honre meu sangue, pois não sobrevivo.


Nenhum comentário:

Todos querem viver um romance

Primeiro ao escrever se deve ter algo a relatar. Alguma historia, relato ou anedota. Se nada há para contar, não se deve escrever; pois po...