A lágrima dos fortes



I

Violência

Família reunida.
Festa divertida.
Devia ser...

Um lugar a menos na mesa.
Um sentimento de tristeza.
Na sociedade falta franqueza.

Rica família amorosa.
Pobre perda dolorosa.

II

Rio vermelho

Escarlate Rio desce seu sangue;
através do moro ele corre.
Lutando por uma guerra que não morre.
Escarlate Rio segue sangue e calafrio.

Rio vermelho o induto te fará azul.
Passatempo de paz falsa de alcatruz.

E o Rio volta a correr escarlate.
Rubro Rio pare de correr.
Morra Rio pare de viver,
pois assim você me dá calafrio.

III

Doce dezembro

É um dezembro calmo.
Sem dividas e sem mortes.
Com promessas e muita sorte.
É um mês de amor e felicidade.

Mês bom, feliz natal.
- "amor, amo-te demais nesse natal".
Entretanto espere chegar o carnaval.
Festa publicitária, nada social.
Alimento carnal, nada sentimental.

Mês bom, feliz ano novo.
  "amor, o ano é novo. Deseje algo".
Entretanto espere dar algo certo.
Festa de desejo, nada de bom vejo.
Promessa irreal, nada moral.

Amargo janeiro.
Traz o preço na estrada,
nas "noitadas' e nas madrugadas.
Mortes amontoadas,
as quais virão estatísticas agrupadas.

IV

Compre-os

Anéis de ouro leve-os para casa.
Braceletes de prata encha a sacola sem farsa.
Roupas ricas encham meu guarda-roupa.
Correntes de ouro compro sem culpa.
Carros de luxo com muitas multas sem culpa.
Compre-os, gaste-os, consuma ... muito.
Para curar suas feridas de uma vida sofrida.

V

Ela disse não.

Um casamento apenas .
Era apenas um casamento perdido.
Um noivo iludido.
O amor perdido.

Igreja vazia, assim se fazia.
Final do matrimonio,
sem haver um matrimonio.

Se houve erro o casal não quer saber.
Sabe-se que um quer lazer;
o outro quer junto viver.

O fato é que assim morre um noivo.
Como também o casamento .
O fim do sentimento.
É um final triste para vários relacionamentos.

VI

O sertão

Falta água.
Não há pão.
O gado morre de desnutrição.
Na cisterna acabou a água.

Sem chuva .
Sofre a terra árida.
Sofre o sertanejo na vida.
Com o sol sai seus raios U.V.A.

Com fome.
Com sede.
É sem um governo de renome.
A hipocrisia dele fede.

Dizer que o chico será mexido.
Mas só vejo concreto fendido.
Nada de água o sertão é iludido.

VII

Terra pacificada

Cidade domada.
Terra pacificada.
Entretanto se assim é
como pode ser tão desorganizada.

Pax romana.
Paz mundana.
Paz falsa sem tempo para durar.
Pacificação insocial e brutal,
deve acabar.

Pacificação superficial.
Pacificadores imorais.
Pacificação a base de violência.
Moradores rezam por sobrevivência.
Dominadores incompetentes.
Dominados valentes.

VIII

Pardo, negro ou branco.

Cor de homem.
Vocês devem ser pardos, negros ou brancos.
Nada de haver outras cores.
Entrem nas fileiras do Estado.
Formando um exercito fracassado.

Coloca-se cores em vocês.
Placas da sua vida.
Impedem sua partida.

Fazem uma distinção indevida.
Fazem uma sociedade iludida.
De cores que não há.
De homem que nada faz.

IX

Cruzeiro do sul

Céu azul.
Rio grande do sul.
Terra vermelha.
Guerra perdida e velha.

Celeste acima,
abaixo rubra.
O verde antigo agora perde-se entre concreto e aço.
Do laçador recuperou-se o laço.
Não sabe-se até quando.

Roubos há em todo sul,
mesmo quando o céu é azul.
Roubam-se sentimentos.
Não poupam-se mantimentos;
de crianças e escolas fazem sofrimento.
-''favor não leve meu filho para seu regimento."

X

Se eu morresse amanhã.

Se morresse amanhã.
Fariam uma biografia minha para vender.
Ah, se morresse amanhã.
Minha esposa com outro casaria.
Meu carro ela tomaria.

Minha família a casa venderiam.
Grande lucro teriam.
Se eu morresse amanhã certo não chorrariam.

Nenhum comentário:

Todos querem viver um romance

Primeiro ao escrever se deve ter algo a relatar. Alguma historia, relato ou anedota. Se nada há para contar, não se deve escrever; pois po...