Dois agricultores conversam na cidade.
Um (1)jovem e (2)outro de mais idade.
1 Oi, João. Ce'vê essas obras na cidade?
2 Oi, Zé. To vendo, deve sair caro, não?
1 Qui, um deputado me falou um dia:
1 "Com dinheiro do povo tudo podia."
2 Ce'vê, nê. A gente ele não ajuda.
1 Ah, mas tem que ter ouro, daí a vida muda.
2 Vi gente dizer que é pra dar boa impressão aos de fora.
1 Ah, sim. Tudo para agradar os gringos.
1 Ce'vê. Esse treco pendurado aí;
1 Os dá cidade chamam de trem bala.
2 Pra quem esse treco vaí?
1 Ora, pro turista passeiar, os de fora.
1 A gringainhada vai chegar loca de faceira.
2 Sim, a cidade também tá besta de faceira.
1 É, mas quem vai pagar a conta disso tudo?
2 Ora, osso. O povo, já viu político pegar na enxada.
1 Ah, deve nem sabe capinar, é que nem mula empacada.
2 Mas, escuta João, não é melhor fazer uma coisa útil
2 para todo mundo.
1 Quê'cê...quer dizer?
2 Esse tal estádio de futebol,
2 não é só pra loco correr de um lado ao outro,
2 atrás de uma bola.
2 Quero dizer, quê isso ajuda na sociedade?
2 Não é melhor um hospital ou escola boa para a comunidade?
1 Ce'vê, tem razão.
1 Mas, cê sabe é um treco filosofico, como falam
1 os granfinos;" O povo acha que não sabe o que
1 quer, então criam lideres, mas na verdade eles
1 sabem o que querem"
1 Ce, entendeu?
2 Não bem, sabe só besta pra essa tal de filosofia.
1 Vo, explicar; é como cavalo xucro se domar ele
1 fica manso, mas a primeira vez que deixar desamarrado
1 o bicho foge. Agora foi?
2 Sim, ce é gênio.
2 Mas chega de conversa e vamo trabalhar, né.
1 Claro, ninguém ganha a vida hoje como um
1 Cícero, Aristóteles, Platão ou Sócrates.
2 Xiii, vai ter que explicar depois esses
2 tal de Aristoteles, Sincero, Plantão e Socrateles.
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